Imagine se a Bíblia tivesse sido escrita por J.R.R. Tolkien ("Senhor dos Anéis") e com elementos dos dramalhões violentos de Ken Follet ("Os Pilares da Terra")?
Pois é mais ou menos isso que você vai encontrar no mediano "Noé", releitura da famosa história bíblica do homem que é escolhido por Deus para construir a famosa Arca que salvou animais e a espécie humana de um dilúvio universal para purificar a Terra desolada moralmente pela raça humana.
O grande problema é que a releitura é digamos deveras 'criativa' e acaba descaracterizando o mito original. Para se ter uma ideia, Noé luta ao lado de criaturas de pedra (na verdade, anjos decaídos) que o auxiliam na construção da descomunal arca. Matusalém (Anthony Hopkins), seu avô, luta com uma espada superpoderosa de dar inveja a qualquer cavaleiro de jedi, entre outras pérolas.
O astro Russell Crowe até que segura as pontas, mas quem espera encontrar um Noé com cara e barbas de profeta, vai se desapontar (ou não) com um personagem no melhor estilo Gladiador, sempre pronto pra porrada.
Sobre a trama em si, ela pode ser dividida em antes, durante e depois do dilúvio. A parte anterior ao dilúvio é a mais divertida, apesar de todas as bizarrices elencadas. O durante e o depois do dilúvio é que fazem a barca afundar... A trama descamba para uma série de conflitos existenciais dos personagens, o que em tese deveria ser bom, mas acaba a tornando cansativa. O excesso de drama e especialmente o fato de um invasor adentrar a arca são as gotas d'água para transbordar a paciência do espectador, que no final das contas sai com a impressão de que assistiu a uma daquelas minisséries da Record feita com efeitos especiais hollywoodianos.
Enfim, um filme recomendável somente para fãs die hard de Russel Crowe ou curiosos que queiram comparar essa versão cinematográfica com a versão da história bíblica.
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