O Magnum é uma verdadeira instituição do hard heavy britânico que em seus mais de 40 anos de carreira foi incapaz de gravar uma música ruim. E ao contrário do que ocorre com muitas bandas veteranas que vivem do passado, o Magnum continua produzindo muito e com uma qualidade absurda, como atesta "Shadow Garden" seu mais recente álbum.
O álbum apresenta todas as características que fizeram do Magnum uma banda cultuada: peso, melodia, riffs tipicamente AOR combinadas com passagens um pouco progressivas, na qual todos trabalham para a música. Solos de guitarra simples e, talvez por isso mesmo, belíssimos. E a voz única de Bob Catley, que pelo menos em estúdio continua imbatível.
Mas talvez o maior diferencial do Magnum, especialmente nessa fase mais recente, seja a introspecção de suas letras que fogem um pouco do lugar comum do estilo, atingindo um certo grau de literalidade em alguns momentos, arrebatando e emocionando o ouvinte. E é só ouvir 'Unwritten sacrifice' e 'Falling for the big plan' para comprovar isso.
Outros destaques ficam por conta de 'Burning River' (um hardão empolgante), 'Crying in the rain', 'Too Many Clowns', 'Live 'til your die', 'Wisdom had its day', nas quais o Magnum consegue provar que é possível ser "épico" sem falar de guerreiros, dragões e batalhas. Há também as baladas 'dramáticas', como 'Don't fall asleep' e 'The valley of tears', na qual Mr. Catley solta o coração pela boca em belíssimas interpretações.
Mais um discaço de uma banda que, em mundo ideal, deveria desfrutar da mesma popularidade de um Queen ou um Iron Maiden, mas que por algum motivo a ser esclarecido parece estar fadada a ser um tesouro descoberto por poucos.