O gol relâmpago de Fred (tão rápido que confesso que nem vi) facilitou bastante as coisas para a Seleção Brasileira, que pode, enfim, explorar o que tem de melhor, a velocidade nos contra-ataques e a habilidade de Neymar.
Mas mesmo esse fator, não deve servir de desculpa ou de argumentos para diminuir a maiúscula vitória brasileira. Nos 90 min. a Espanha teve duas chances claras: o chute de Pedro que David Luiz salvou epicamente em cima da linha e o pênalti bisonhamente cobrado por Sérgio Ramos (aliás, com tanta estrela mandar o zagueiro bater pênalti é incompreensível...). E só. Fora isso, os espanhóis levaram um baile histórico, porém, não de todo surpreendente. Como lembrou o goleiro Júlio César na única entrevista coerente após o jogo há uma "hierarquia no Futebol": o Brasil é pentacampeão (e não à toa) e a Espanha não.
De fato, a Espanha enquanto seleção 'nasceu' no futebol mundial nos últimos seis anos, mas a tratavam como se fosse a equipe que inventou o esporte. E o Brasil mesmo sem um meia digno e com o pragmatismo de Felipão conseguiu quebrar o encanto espanhol, que terá que juntar os cacos e repensar seu futebol para o mundial de 2014.
Não sei se as farras e as noitadas no litoral brasileiro tiveram alguma influência no péssimo futebol apresentado contra Itália e Brasil, mas o fato é que isso deve preocupar e muito os espanhóis, já que essa falta de compromisso foi o fim da Seleção Brasileira competitiva na Copa de 2006.
Sobre a Seleção de Felipão basta dizer que Dunga também ganhou a Copa das Confederações. E com menos barulho. Esse aliás, pode ser um fator decisivo para a Copa de 2014. Os espanhóis já tinham se irritado com as vaias bonachonas da torcida brasileira em jogos anteriores, mas foram engolidos pelos gritos de 'olé' no Maracanã. Isso é as condições climáticas brasileiras podem ser 'jogadores' mais decisivos que Hulk e Oscar. Mas é claro que houve uma evolução. Do nada formou-se um time campeão. Quase um milagre.
E se a Dilma fugiu das vaias, foi uma pena que os presentes tenham perdido a linda oportunidade de vaiar o senhor Jeróme Valcke e o ilustre Ministro dos Esportes Aldo Rebelo. E enquanto Neymar era aplaudido manifestantes confrontavam a polícia nos arredores do Maracanã.
Essa foi a Copa das Confederações e suas contradições, revertendo a lógica dentro e fora do campo. O povo e o time deixaram de ser passivos. Resta saber se não foi apenas um arrebatamento dos espíritos que terá fim na catarse futebolística. Para o bem e para o mal, 2014 está logo ali para nos responder...
Crédito das Fotos: TERRA
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