Para uma geração de fãs (headbangers em geral) que começou a acompanhar o Angra já na “nova era” de Edu Falaschi nos vocais a comemoração dos 20 anos do álbum de estreia da banda é uma excelente oportunidade para se revisitar esse clássico absoluto do metal nacional.
Contexto
Em 1993 André Matos era apenas o ‘ex-vocalista do Viper’, Kiko Loureiro ainda não era esse ‘monstro’ da guitarra em termos de reconhecimento, Rafael Bittencourt, outro guitarrista fora de série, era igualmente um desconhecido do grande público, o mesmo se aplicando ao baixista Luís Mariuti e o baterista Ricardo Confessori (este último, apesar de ‘creditado’ no álbum, inclusive com foto no encarte entrou na banda após a gravação do álbum, que teve a bateria em sua maior parte gravada pelo alemão Alex Holzwarth).
E foi o ‘Angels Cry’ o álbum responsável pela grande virada na carreira desses músicos que se tornaram referências como instrumentistas e a consolidação de Andre Matos (que tinha conquistado grande sucesso com o Viper) como a principal voz do metal nacional.
Faixa a Faixa
O álbum abre com a orquestração de “Unfinished Allegro” que cria o clima para o hino “Carry On”, um power/speed metal (como queiram) arrebatador para mostrar que a banda não estava para brincadeiras.
A música seguinte, “Time” é outra ‘joia’: começa com um introdução mais amena para descambar para um hard/heavy espetacular.
A faixa título “Angels Cry” com seus duetos de guitarras e suas alternâncias de partes mais cadenciadas com partes mais rápidas são outro ponto alto do álbum e encerra a ‘primeira parte’, mais power metal, do disco.
Depois de tanta bateção de cabeça, “Stand Away” com sua bela introdução acústica e sua orquestração traz um pouco de dramaticidade ao disco. ‘Never Understand’ traz uma das marcas registradas do Angra, mantida até hoje, que é a utilização de ritmos brasileiros , nessa caso levadas de baião além de outros elementos percussivos. Ou seja, tudo aquilo que até então era desprezado pelo público de meta se tornam o diferencial que abriria muitas portas para outras bandas nacionais.
A faixa seguinte é sem dúvidas a mais inusitada de todo álbum: trata-se de “Wuthering Heights”, cover da cantora Kate Bush, que ganhou sua versão mais metal numa interpretação excepcional de Andre Matos. E com certeza deve ter tido muito marmanjo que se divertiu tentando imitar as notas altíssimas de André (lembro de ter que explicar para minha mãe que não era uma cantando…).
Quebrando essa seção mais introspectiva, “Streets of Tomorrow” traz novamente o peso ao disco, e com um riff inicial daqueles de entortar o pescoço. Simplesmente espetacular. “Evil Warning” é outro Power Metal que apresenta um coro grandioso.
Por fim, o disco se encerra com “Lasting Child”, faixa bastante intimista dividida em duas partes, contando também com uma bela orquestração que ‘fecha’ com a faixa instrumental de abertura, propiciando a coesão das grandes obras.
Uma verdadeira sinfonia do metal, “Angels Cry” é um álbum que ainda hoje permanece relevante e merece ser apreciado.