Se não é possível afirmar que esse é o melhor filme do ano, posso dizer que, pelo menos de minha parte, "Capitão America: Guerra Civil" era o filme mais aguardado do ano.
A minha principal expectativa era de como os roteiristas iriam solucionar alguns aspectos relacionados a HQ que inspirou o filme e que mobilizava quase todo o universo Marvel, haja vista o limitado número de personagens do universo cinematográfico construído pela editora e seus parceiros.
E mais uma vez acertaram na mosca: ao transferir o fio condutor do enredo a obrigatoriedade do registro dos heróis - para um contexto envolvendo a ONU e não só o governo norte-americano, conferiram a história uma perspectiva consistente que permitiu a transferência das ações para a Europa, ao mesmo tempo que amarraram as tramas de "O Soldado Invernal" com os eventos de "Os Vingadores".
As semelhanças com as HQs acabam por aí, mas acredito que nenhum fã tenha ficado decepcionado já que o resultado vibrante mantém a tensão original. Isso significa que, embora com ação ininterrupta, tenhamos um filme com menos espaço para o humor juvenil de outros títulos. Em seu lugar, temos mais ironia que de certa forma captam o estado de espírito atual, com disputas políticas e divergências morais se multiplicando por todo o globo.
Diante desse contexto complexo, a aguardada inserção do Homem-Aranha fica totalmente em segundo plano e funciona com um contra-ponto ao sissudo e vingativo Pantera Negra. Nesse sentido, fica evidente que a famosa cena do trailer que apresentou o aracnídeo foi mesmo uma excelente peça de marketing para agradar os expectadores mais jovens, já que não passa de um coadjuvante de luxo para fazer número na briga entre os heróis. Resta saber como ele será aproveitado nos próximos filmes, mas a primeira impressão é a de que é difícil imaginar um adolescente tagarela com um protagonismo maior diante de tantos outros personagens com conflitos bem mais interessantes e, a essa altura, bem mais desenvolvidos.
O grande mérito de "Guerra Civil", assim como outros filmes da Marvel/Disney, é justamente esse: fugir do óbvio, atualizando seus personagens mas sem abandonar completamente suas mitologias, de modo a agradar novos e velhos fãs. A grande pergunta é até quando vão conseguir costurar tantos enredos sem errar a mão. Mas por enquanto, só temos que aplaudir e aguardar novas "referências".
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