No decorrer da última semana vimos episódios bizarros que antecederam o ápice do golpismo em curso no país, mas que não evitaram que Michel Temer assumisse interinamente o posto de Presidente da República.
Como nas mais vis equipes do futebol, a comandante não resistiu à pressão da "torcida" (ou de parte dela) e foi forçada a entregar o cargo democraticamente conquistado através do sagrado voto direto a quem na prática não recebeu voto algum. Sejamos francos (como foi Itamar Franco, o vice de Collor que virou presidente mas a quem jamais coube o papel de conspirador): ninguém vota no "vice"; o "vice" está lá para ser "vice" e não para puxar o tapete de quem está à frente da coligação. Esse argumento do "vice" é tão vexatório que até o Vasco da Gama resolveu ser campeão para evitar associações.
Já com a prancheta na mão o professor Temer escalou seus Ministros. Sete deles acusados de corrupção, mas isso não incomodou o pessoal da camisa da CBF que foi às ruas diante da nomeação de Lula, em um curioso 7x1 cujos ecos parecem que jamais irão cessar.
Torcida do Internacional protesta contra Temer na Final do Gaúcho. Politização das torcidas é uma tendência nacional. |
O combate à corrupção entrou em stand by. E parece que tática da retranca irá prevalecer. Com o placar favorável, ir ao ataque pode significar riscos desnecessários. Além disso, fingir que a corrupção não existe tem sido uma estratégia de sucesso em muitos governos. Se não há o que investigar, não há o que provar nem o que punir. Em outras palavras, se o juiz não viu, segue o jogo!
Por fim, encerramos nossas elucubrações futebolísticas acerca da política nacional com a constatação de que o governo Temer é tão legítimo quanto o título Mundial de 2000 do Corinthians ou o título Brasileiro de 87 do Flamengo. A menos que você torça para essas duas equipes, você sempre irá contestá-los (isso para não falar do "Mundial" do Palmeiras, já que não é possível argumentar sobre o que não existe, ou a paixão do Fluminense pelos tribunais).
Temer não foi à campo, ganhou no tapetão e ainda por cima com interpretação dúbia do regulamento. Assim fica difícil até para os mais fanáticos torcedores o defenderem. Sobram apenas bravatas do tipo "Chora mais", "Chupa" ou "Tchau, querida!".
Já para a presidente e seus torcedores fica a decepção de ter feito um golaço aos 45" do segundo tempo e, depois de correr para o abraço, ver o bandeirinha marcar impedimento.
Ainda há a prorrogação, mas dificilmente haverá fôlego para uma virada.
Mais um gol contra na nossa golpeada história.
Veja também:
Crônica de um Golpe AnunciadoA contraditória nova DEMOCRACIA CORINTHIANA
Juca Kfouri e o futebol contra o golpe
Nenhum comentário:
Postar um comentário