Em um post anterior comentei sobre algumas experiências positivas envolvendo a união de rock e ritmos brasileiros (leia aqui). Mas há sempre o outro lado da moeda.
Neste final de semana de Carnaval a escola de Samba Carioca levará o 'Rock in Rio' para o Sambódromo, já que o o famoso festival será tema de seu desfile. Entre outras referências, lá estará em cima de um carro alegórico, "Eddie", o mascote da banda inglesa Iron Maiden, uma das mais populares bandas de metal do mundo e com milhares de fãs no Brasil. Certamente, os músicos da banda devem ter ficados satisfeitos com a notícia, que não foi assim tão bem recebida pelos fãs brasileiros.
Isso mostra um pouco do lado conservador do público fã de música pesada. Mas a situação já foi muito pior. E, curiosamente, o maior exemplo dessa intolerância aconteceu na 2ª edição do Rock In Rio, em 1991.
Na ocasião Lobão, que na época fazia um som bem rock'n'roll e até certo ponto pesado para os padrões do rock nacional fora escalado para tocar na noite do METAL no festival. Lobão que tinha acabado de lançar seu primeiro disco ao vivo, que entre outras coisas, trazia um versão de seu clássico "Vida Bandida" com participação de Ivo Meirelles e a bateria da Mangueira, algo que se ecaixava perfeitamente em sua sonoridade e conferia até um, "peso extra" à música.
Lobão subiu o logo após o Sepultura (que ironicamente viria a incorporar elementos brasileiros a sua música 5 anos mais tarde...). E foi extremamente mal recebido, a ponto de interromper o show e abandonar o palco (veja o vídeo abaixo mas cuidado com a abordagem preconceituosa da Globo).
É claro que sua saída não se deu sem que ele proferisse uma série de insultos aos que o ofendiam, incluindo uma das mais célebres de toda a história do rock brasileiro:
Para piorar, Lobão chamou ao Palco a bateria da Mangueira que deveria fazer uma participação especial no encerramento de seu show. E aí foi um festival de garrafas com conteúdos, digamos orgânico, voando ao palco. O episódio foi tão marcante que mesmo Dave Mustaine do Megadeth (que tocaria depois) não esquece como foi ter que tocar em um palco cheirando a urina (conforme ele relembra no vídeo abaixo, em inglês).
Dez anos depois, foi Carlinhos Brown (o mesmo que já tinha gravado com o Sepultura...) que foi ''homenageado" com vaias e uma chuva de objetos pelo público rockeiro, como mostra o vídeo abaixo:
Sem dúvidas, esses dois episódios são lamentáveis, já que, uma coisa é gostar ou não do artista, outra coisa é desrespeitá-lo. Que cenas como essa da foto abaixo ajudem a criar essa consciência de respeito mútuo e cidadania.
Yves Passarel (Capital Inicial/Viper), Marco Túlio (Jota Quest) e Andreas Kisser (Sepultura) em ensaio da Mocidade Independente |
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