A morte do escritor uruguaio Eduardo Galeano nesta segunda-feira foi realmente algo para se lamentar. Historiador e ficcionista celebrado especialmente por sua obra "As veias abertas da América", entendeu e expressou como poucos o que de fato é ser sul-americano.
Com grande sensibilidade, ele mergulha na história do futebol, no seu simbolismo, nos grandes jogos e nos grandes craques. Mas entre a poesia das grandes metáforas futebolísticas e das jogadas inesquecíveis há espaço para a crítica. Galeano também denuncia o descaso da história com o futebol enquanto expressão de identidade coletivas; critica o "futebol profissional" e sua homogeneização, a cartolagem e a "telecracia", como chama a influência das redes de televisão sobre o futebol. Isso tudo em uma obra de 20 anos e que preconizava muitos problemas que apenas se agravaram com o tempo.
"Eu fico com essa melancolia irremediável que todos sentimos depois do amor e do fim do jogo". Assim Galeano encerra o livro após justificar a sua motivação ao escrevê-lo. E assim é que imagino que estejam se sentindo aqueles que de uma forma ou outra se identificaram com a obra do autor. Mas só até o próximo jogo onde o "eu" se torna esse "nós" cósmico que é o torcedor de futebol e a euforia do grito de gol que ecoa na eternidade nos faça transcender e esquecer o luto.
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