Em "O Manifesto do Nada na Terra do Nunca", Lobão apresenta artigos que revelam a sua sempre ácida crítica.
Os temas giram em torno do atual panorama político e cultural em que vivemos e suas origens históricas e abordados em meio a relatos de algumas experiências pitorescas do autor.
Através de um estilo bastante direto, Lobão traça um verdadeiro resgate da história do bundamolismo da arte nacional, que para ele teve início com o antropofagismo de Oswald de Andrade e dos modernistas da semana de 22 e cujos ideais artísticos ecoaram (e ainda ecoam...) em um isolamento do Brasil frente a herança cultural européia, e posteriormente, à influência norte-americana, tudo em nome de um nacionalismo raso e um projeto de nação equivocado.
Lobão também relata sua dificuldade em alinhar-se politicamente no passado, a sua aproximação e posterior decepção com o Partido dos Trabalhadores e sua preocupação com os atuais rumos do país e com os "patrulheiros ideológicos" que se multiplicam aos montes nas redes sociais e tratam qualquer manifestação política com uma paixão quase futebolística, impossibilitando o debate com atitudes nada democráticas.
O único ponto negativo ao meu ver, fica por conta do capítulo final, dedicado a um hipotético diálogo com Oswald Andrade. Embora seja esse o fio condutor do livro, o texto acaba sendo um pouco enfadonho, repetindo ideias apresentadas em capítulos anteriores.
Ao abordar temas espinhosos sem muita pretensão, como fica claro no título do livro, Lobão conseguiu produzir um livro de fácil leitura e adequado a quem gosta de uma boa provocação.
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