Toda vez que ouço um lançamento de uma lenda como Ozzy
Osbourne eu fico extremamente grato por ter o privilégio de ouvi-los mais uma
vez, apesar da idade e das condições de saúde não colaborarem tanto.
No caso do Madman, pelo menos em estúdio as coisas ainda fluem
muito bem. Acompanhado por um time de estrelas (Elton John, Chad Smith, Tom Morello,
Slash, para citar alguns convidados ilustres) Ozzy entrega um disco
consistente, talvez o melhor desde Ozzmosis.
Faixas como Straight to Hell, All my life, Ordinary Man e
Under the Graveyard podem figurar tranquilamente ao lado de grandes hits da
carreira de Ozzy. Aliás, a faixa título em parceria com Elton John é
emocionante e nos faz refletir sobre a finitude da vida, ao olhar em retrospecto
a trajetória do próprio Ozzy.
Under the graveyard é perfeita em sua estrutura e tem uma
progressão muito legal, sendo a minha faixa favorita.
As outras músicas mantém o nível. O problema ocorre com as
duas últimas faixas que tem a participação do trapper (sic) Post Malone. Se It’s
a Raid é rápida e quase punk (o que já é meio esquisito), Take what you want é
bastante inapropriada. Seja por fugir do hard rock / metal sendo quase um “Trap”
ou pelo excesso de auto-tune. Isso sem dúvidas afeta um pouco a avaliação final
do disco. Prefiro considerar essas músicas como “bônus” e entendê-la como uma
forma de promover o álbum para uma audiência mais jovem, embora ache que a
fan-base do Ozzy seja sólida o suficiente para ele utilizar desse recurso muito
difundido entre artistas mais pop. A produção de Andrew Watt, conhecido por seus
trabalhos nada metálicos com artistas como Justin Bieber, Lana del Rey, Dua
Lipa, Milley Cirus, entre outros, também
contribui para essa impressão de que o velho Ozzy (ou o seu management) estavam
mirando a geração streaming e não os fãs
old school que cresceram ouvindo seus vinis do Príncipe das Trevas.
Mesmo com essas ressalvas, o resultado é bem satisfatório e
considero esse um dos grandes lançamentos de 2020.