Quando se aposentou dos gramados, Rogério Ceni deixou inúmeras marcas impressionantes, títulos importantes e uma certeza: de uma forma ou de outra ele retornaria ao clube.
Afinal, para os são-paulinos com menos de 30 anos nunca existiu São Paulo FC sem Rogério Ceni e a sua identificação com o time foi tamanha que para muitos ele é a própria encarnação do "sãopaulinismo".
Como nas melhores histórias da mitologia clássica, Rogério Ceni foi o mortal que enfrentou desafios gigantescos e por suas glórias conquistou o direito de habitar o Olimpo Tricolor.
Porém, ao invés de usufruir de seu status de lenda inatingível, Ceni decidiu descer do Olimpo e habitar novamente com os mortais na condição de líder e mentor.
Uma atitude nobre, porém arriscada. Arriscada para o próprio Rogério Ceni que terá que lidar com o principal defeito dos mortais: a impaciência.
Como lidar com as críticas quando elas partirem dos seus próprios seguidores?
"Tinha que escalar fulano! Recuou demais o time! Demorou pra mexer! Três zagueiros? Pra que tanto volante? Agora abriu demais o time! Burro!!"
Quanto tempo até que frases como essas ecoem nas arquibancadas do Morumbi?
Arriscada também para o próprio clube e torcida: Como proceder para o São Paulo FC não virar Rogério Ceni Futebol Clube?
Como reagirão os torcedores quando ocorrer o primeiro tropeço no Paulistão? Ou a primeira eliminação (algo provável pelo histórico recente)?
Como reagirá Ceni com sua forte personalidade ao ser confrontado?
Terá a diretoria são-paulina coragem para cobrá-lo como faria com um treinador comum?
Essa previsão pode soar um pouco pessimista, mas conhecendo bem a realidade do futebol brasileiro e especialmente a exigente torcida são-paulina, é o que deve ocorrer, exceto em caso de uma surpreendente campanha que culmine com o título estadual.
Rogério Ceni tem todas as qualidades para se tornar um grande treinador. Talvez tenha qualidades até demais. Não é o ídolo folclórico como, por exemplo, Renato Gaúcho no Grêmio.
Por sua seriedade e pelo que representa, Ceni não pode falhar. Seu insucesso seria o doloroso fim de um simbolismo mágico para os tricolores.
A pressão é tão grande quanto deve ser sua motivação. Algo que só os ombros de uma lenda podem aguentar!
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