Portugal fez uma campanha medíocre durante toda Euro. Passou da primeira fase com três empates. Foi beneficiado por um chaveamento que lhe salvou de enfrentar alguma camisa de peso na sua trajetória até a final.
A França bem que poderia ser o "Gigante Adamastor" descrito por Camões em "Os Lusíadas". Evoluiu durante a competição e apresentou um futebol empolgante contra a atual campeã mundial Alemanha. Teve em Griezmann o craque da Copa. Porém, das duas uma: ou exagerou na comemoração - haja vista a 'nhaca' em que estavam seus principais jogadores - ou esqueceu que ainda lhe faltava mais um jogo para poder levantar o caneco.
Contudo, nenhuma dessas hipóteses serve para justificar o retumbante fracasso francês de perder em casa para um time muito inferior que ainda por cima perdeu seu principal jogador, nocauteado por Payet e por uma singela mariposa.
Aliás, a mariposa ali consolando Cristiano Ronaldo é um ponto chave nesse episódio. Talvez nem em uma narrativa do mestre José Saramago encontrássemos algo tão prosaico. Mas é provável que o bater das asas daquela mariposa tenha desencadeado os eventos que culminariam com o título Português.
O que mais poderia ter desviado aquela finalização da França já no finzinho do segundo tempo senão o movimento das asas da pequena mariposa? Talvez mesmo o gol do português Éder tenha contado com uma ajudinha extra. Jamais saberemos a extensão exata do "efeito mariposa".
Falando em Éder, o herói ficou quase anônimo, pois as lágrimas de Cristiano Ronaldo comoveram de tal forma a opinião pública que ele acabou sendo o centro das atenções sem mesmo ter jogado de fato os 120 minutos da partida.
Como diria Fernando Pessoa, outro grande da literatura portuguesa: "Ó Mar Salgado, quanto do teu sal são as lágrimas de Cristiano Ronaldo?" Mas desta vez não teve espaço para o fado. Foram lágrimas de vitória. Aquele que tantas vezes carregou sua equipe nas costas desta vez foi mero espectador. Teve que torcer e sofrer como fazemos diariamente nós mortais. O semi-deus do futebol humanizou-se, enfim.
Se em 2004 Portugal injustamente perdeu a final em casa para a Grécia, a história conseguiu ironicamente reparar o erro. Pior para a França que não tinha nada a ver com isso. Terá que esperar que a sorte ou alguma mariposa mágica venha lhe sorrir em outra ocasião.
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