domingo, 30 de agosto de 2015

Entrevista: SEU JUVENAL

SEU JUVENAL é uma banda originária do Triângulo Mineiro e que tem se destacado no cenário independente nacional com o lançamento de "Rock Errado", seu mais recente trabalho (lei resenha CLICANDO AQUI).

Mesclando influências diversas dentro do rock, a banda consegue um resultado bastante original, com músicas mais trabalhadas e pequenos experimentalismos sem deixar de lado o peso e o lirismo. 

A banda é formada por Bruno Bastos (vocal), Edson Zacca (guitarra/violão), Renato Zaca (bateria) e por Alexandre Tito, baixista que nos concedeu a entrevista que você confere abaixo: 


BNM: O Seu Juvenal lançou recentemente o álbum "Rock Errado". Fale um pouco sobre como foi o processo de composição e gravação desse trabalho.

Alexandre Tito: Após o lançamento do segundo disco, “Caixa Preta” (2008), apareceram algumas das músicas que foram sendo compostas enquanto estávamos na estrada e outras mais antigas foram sendo reestruturadas. “Moleque Dissonante” foi a última a ser trabalhada na pré do “Rock Errado”. A banda tinha muitas composições pelo fato dos quatro integrantes participarem nesse processo, e posso citar o fato de estarmos sempre cercados de amigos que fazem o mesmo. O disco “Rock Errado” foi gravado em quatro dias no Lab. Áudio em Passagem de Mariana/MG com a produção do Ronaldo Gino (Virna Lisi) e praticamente montamos um acampamento no estúdio nesse período.

BNM: "Rock Errado" tem recebido muitas críticas positivas, porém, várias delas se referem ao som da banda como "esquisito". Vocês têm essa mesma percepção? Como se sentem em relação a isso?

Tito: Estamos curtindo as críticas positivas, e nosso ponto de vista sobre esse lance de “esquisitos” não importa. Se nosso som tem chamado a atenção é porque fazemos coisas diferentes das bandas ditas “normais”, e isso nos deixa com mais vontade de prosseguir.


BNM: Um número crescente de bandas tem optado pelo lançamento de seus trabalhos em vinil. O que os levou a escolher esse formato? 

Tito: Os primeiros vinis que ouvi na vida foram no ano de 1979 (Led Zeppelin II e Black Sabbath Vol.4) na casa de um tio em Santo André/SP, e desde então fiquei fascinado pelo rock, me tornei um garimpador de vinis e comecei a colecioná-los. No ano de 1986, ouvindo o “Master of Puppets”, do Metallica, nasceu a vontade de ter um disco daquele formato gravado com músicas autorais. Ao me mudar pra Uberaba/MG no ano de 1990, conheci os irmãos Zacharias que também colecionavam vinis e toquei com eles algumas vezes, mas até chegar à banda Seu Juvenal, o máximo que eu tinha conseguido gravar anteriormente foram demo-tapes; o nosso primeiro disco foi lançado em 2004 e o formato era CD. Estávamos querendo gravar o terceiro disco e o nosso amigo e produtor Guilherme Diamantino fez a proposta de lançarmos o disco em vinil pelo selo Sapólio Rádio, sonho realizado pra banda e aí está o “Rock Errado”.

BNM: Falando em vinil, uma das melhores faixas de "Rock Errado" é "Homem Analógico", que fala dessa dualidade entre "antigo" e "moderno". Como a banda administra esse "conflito" em termos musicais?

Tito: A primeira vez que gravei algo foi em quatro canais no ano de 1986, e eu tocava em uma banda que rumava pra sonoridade do thrash alemão. Agora você imagina com a qualidade dos instrumentos da época e tendo um técnico de som e “produtor” que tocava em banda de baile, o cara surtou...O Zacca e o Renato tiveram uma banda que se chamava D.O.T. (Detonation of Travetion), e existem duas demos que foram gravadas precariamente também, esse foi nosso começo. Gostamos muito da sonoridade ‘vintage’ e foi isso que buscamos nesse disco, com a vantagem de termos uma boa aparelhagem e a tecnologia a nosso favor. A gente administra bem essa dualidade. O que interessa é que o resultado final nos agrade. 

BNM: "Antropofagia disfarçada", "Moleque dissonante" e "Burca" são músicas com temáticas bastante densas. Como vocês chegam a esses temas? 

Tito: Chegamos a esses temas porque é isso que vivemos hoje em dia, não temos como fugir, não achamos que tudo está “bonitinho”... A gente põe pra fora todos os sapos que não quer engolir. É o homem enganando o homem mesmo, homem comprando homem, é a molecada se matando na rua com drogas, com armas, e o mundo e a vida vai passando diante dos olhos das pessoas, sem que elas tentem, possam ou tenham o direito de evoluir como seres humanos, é isso que tentamos passar nessas letras. Estamos de saco cheio do ”politicamente correto”.

BNM: Por fim, a pergunta que não quer calar: O que há de errado com o Rock, especialmente o nacional, atual?

Tito: A primeira banda de rock nacional que ouvi na vida se chama Secos & Molhados e ouvi dentro do carro do meu pai ainda na década de 70, depois disso conheci Mutantes, Joelho de Porco, Raul Seixas e todas aquelas bandas e artistas da vanguarda paulista que tocavam no extinto programa Fábrica do Som. Acompanhei bandas de rock, punk, metal e hardcore dos anos 80 que tinham letras inteligentes e de protesto, ou seja, música de qualidade na minha opinião. O que há de errado com rock hoje em dia é que o público paga pra ver banda cover, porque desconhece o rock autoral de verdade, o que está no underground. Público e bandas ficam a ver navios. Grande parte das bandas querem só grana e fama, seguem os moldes de programas, gravadoras e esquecem que o rock é atitude. A sorte nossa é que existem as pessoas da mídia especializada que nos brindam com bandas de qualidade, a grande mídia não se interessa pelas cabeças pensantes dentro da música de uma maneira geral.

BNM: Muito obrigado pela entrevista. O espaço é de vocês para deixarem um recado para a galera que nos acompanha.

Tito: Em primeiro lugar, nós da banda Seu Juvenal é que agradecemos o espaço cedido pelo Blog Na Mira pra gente divulgar o nosso rock “Errado e Esquisito” e pro pessoal que acompanha o blog, confiram o nosso som. Fazemos rock fora dos padrões do politicamente correto, se você se sente assim também, vai se identificar com nosso disco. Valeu!

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