domingo, 23 de fevereiro de 2014

'Robocop' de José Padilha é melhor do você imagina

Estava muito ansioso para assistir ao remake de Robocop. Primeiro por se tratar de um personagem icônico que marcou minha infância (tinha álbum de figurinhas, poster e lembro de esperar 2 horas pela última sessão para ver o filme Robocop 2 com o meu saudoso pai porque a sessão que iríamos ver tinha se esgotado). A segunda razão era ver como José Padilha se sairia em seu desafio hollywoodiano de tentar repetir o sucesso de seu "Tropa de Elite" agora em nível global.
E para alegria geral da nação, o ROBOCOP de Padilha é ESPETACULAR. A manjada história do policial Alex Murphy (dessa vez na pele e na armadura de Joel Kinnaman)  que se transforma no policial robô foi atualizada com tanta sagacidade que parece estar sendo contada pela primeira vez.
Os dilemas éticos óbvios do conflito homem x máquina são explorados na medida certa, sem o pieguismo que levam muitos diretos a matar a narrativa de ação.

Padilha como poucos sabe que o segredo do sucesso está na força da narrativa e, embora visualmente o filme seja igualmente impecável, fica evidente que a preocupação em se contar uma história intensa sempre esteve em primeiro plano.
Os personagens são muito bem desenvolvidos. Michael Keaton tem uma de suas maiores atuações (pelo menos que eu me lembre) como o cínico magnata dono da OmniCorp, Gary Oldman é um grande coadjuvante como o Dr. Dennet Norton e Samuel L. Jackson está impagável como Pat Novak, uma espécie de Datena do futuro que tenta manipular a opinião pública.
Os elementos políticos como uma crítica implícita à política externa norte-americana, a atuação de lobistas no congresso, a corrupção policial estão todas presentes, o que transformam a narrativa de ficção científica em uma grande alegoria.

A escolha da trilha sonora também é digna de nota: mais improvável do que ver um remake de Robocop dirigido por um brasileiro é esse filme conter uma sequência de ação inteira tendo como fundo musical o clássico "Hocus Focus", da mítica banda de rock progressivo holandesa Focus, executado na íntegra! Outro momento rocker do filme fica com "I fought the law" do Clash, executada após a cena final do filme e que vai fazer você sair do cinema cantarolando e com um sorriso no rosto.
Enfim, um filmaço que superou todas as minhas expectativas e que certamente abrirá muitas portas para Padilha mostrar seu talento em projetos ainda maiores.

Veja também:

O Hobbit: A desolação de Smaug (review)

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