O Tigre argentino entrou de forma vergonhosa para a história recente do futebol sulamericano por se recusar a jogar o segundo tempo de uma final de campeonato, como ocorreu na final da Copa-Sulamericana 2012, vencida pelo São Paulo FC em apenas 45 minutos (relembre aqui).
O felino em questão, contudo, já trazia consigo a fama de fujão de outros campeonatos. Isso graças ao Votoraty, seu primo caipira.
Com sede na cidade de Votorantim que lhe inspirara o nome, o Votoraty adotou como mascote o tigre, da mesma forma que a cidade adotara o clube, que em pouco tempo acumulou um bom número de torcedores e simpatizantes, que já sonhavam em ver o time crescer e, porque não, chegar à elite do futebol paulista.
Mas o promissor romance não teve vida longa. E como nos folhetins mais vulgares terminou com uma vil traição. Na calada da noite, como um Gatuno qualquer, o Tigre Votorantinense, na figura de seu presidente e proprietário, decidiu mudar a equipe de cidade. Assim, o Votoraty fundado em 2005 encerrou suas atividades em Votorantim em 2010, mudando seu domícilio para Ribeirão Preto, numa manobra que visava VENDER a vaga conquistada para o Comercial daquela cidade.
A notícia foi uma punhalada no coração dos moradores da cidade que tinham apoiado o time na sua luta pelo acesso desde às divisões mais inferiores até a série A-2 do futebol paulista, vencendo ainda a Copa Paulista em 2009, desempenho que qualificou o clube à Copa do Brasil, fazendo-o enfrentar o Grêmio, que precisou de dois jogos para despachar o Votoraty, e pode colocar em seu currículo que foi o único clube da Primeira Divisão Nacional a ter a honra de jogar na gloriosa Votorantim, excetuando-se é claro um ou outro registro de eras imemoriais que possa haver por aí.
Placa do Estádio Municipal Domenico Paolo Metidieri, em Votorantim indicando "Rota de Fuga", indicação levada ao pé da letra pelo Votoraty |
Pior que fugir de campo, foi fugir de cidade. Até o prefeito tentou intervir mas o clube de modo oportunista sucumbiu à maldição itinerante que assola o futebol no interior do país.
Ruim para o futebol que perde a credibilidade, ruim para os torcedores que perdem a ilusão, ruim para o Tigre que vê humanos inescrupulosos desonrarem suas listras e torná-lo piada em todo reino animal.
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