Um dos muitos segredos do sucesso de Stranger Things está na estética retrô, reforçada pela trilha sonora recheadas de clássicos do pop e do rock dos anos 80.
Do "Should I Stay or Should I Go?" (The Clash) da primeira temporada, passando pela "Runaway" (Bon Jovi) Eleven na segunda e muito hard rock farofa com o personagem Billy na terceira, além de um trailer maravilhoso da 4ª temporada com um versão remixada de "Separate Ways" do Journey, são muitos momentos marcantes em que a música reforçou a narrativa (incluindo a performance de "The NeverEnding Story" com Dustin e Susie no final da terceira temporada).
O ápice no entanto ocorreu na 4ª temporada, já que o ponto fraco do monstrão Vecna é a música e a canção favorita é o único elo que consegue impedir que ele controle a mente de suas vítimas.
E a cena épica em que a personagem Max é salva pela canção "Running up that hill (a deal with God)" da Kate Bush foi disparada a melhor da primeira parte dessa temporada.
Na sequência belíssima, Max foge de Vecna em um cenário de pesadelos ao som de sua música favorita. Além da importância no contexto da série, a cena possui uma segunda camada de sentido que levou muitos fãs a comentarem nas redes sociais de como se identificaram em sua luta interna contra a depressão.
Tal leitura faz todo sentido, já que Vecna escolhe justamente vítimas fragilizadas pela culpa, pelo medo, pela rejeição, pelo luto e toda sorte de sentimentos negativos.
O efeito terapêutico da música em casos de depressão e no auxílio à boa saúde mental é muito bem documentado (LEIA AQUI). Obviamente, não substitui o trabalho de um bom profissional, mas o seu valor parece inegável .
Não sei se a intenção dos roteiristas era passar essa mensagem sobre o "poder da música", mas acabaram por transmiti-la brilhantemente.
Particularmente, a música já me ajudou a vencer muitos "monstros" internos e é uma motivação constante na minha vida.
Que o desfecho da temporada traga nova emoções e que nos surpreenda com mais grandes canções.