terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Review: Uganga: Opressor (2014)

O UGANGA, uma das bandas de maior destaque no underground nacional nos últimos anos, chega ao seu quarto trabalho de estúdio com o vigor de uma banda estreante e a maturidade de quem já excursionou até em solo europeu. 

O resultado é o ótimo álbum 'Opressor', uma paulada thrashcore com produção de primeira linha de Gustavo Vazquez, que soube exatamente como 'formatar' a energia sonora de Manu 'Joker' (voz), Christian Franco (guitarra), Thiago Soraggi (guitarra), Rafael 'Ras' Franco (baixo) e Marco Henriques (bateria). 

Apesar de todos esses predicados, Opressor não é um álbum 'fácil' de ser digerido. Seu conteúdo lírico é bastante ácido e crítico e fala daquilo que precisamos ouvir, mas nem sempre queremos. Um bom exemplo disso é a faixa título, cujo 'Opressor' descrito não é o Estado ou um tirano qualquer, mas descreve o opressor potencial que existe em cada ser humano. 

A hardcore 'Moleque de Pedra' é uma duríssima crítica social sobre essa praga que é o crack é um outro 'chute na cara' dos ouvintes. 'Casa' tem um riff matador e é uma das melhores músicas do álbum, tendo recebido inclusive um videoclipe com imagens da tour europeia da banda. 

A faixa de abertura 'Guerra' e 'O campo', que descreve um campo de concentração, são outras duas músicas furiosas que não irão decepcionar quem procura peso. 
As soturnas 'Aos pés da grande árvore' e 'Nas entranhas do sol', fogem um pouco das características líricas das demais faixas, explorando simbolismos e alternando passagens mais thrash com andamentos mais cadenciados. 'Modus Vivendi' tem uma estrutura bastante interessante, com riffs bacanas e um coro ao estilo do bom rock nacional de outrora. 

Já 'Guerreiro', uma espécie de poema musicado, mostra que o Uganga não se limita exclusivamente aos limites de gêneros e subgêneros. Há ainda um cover para a música 'Who are the true?', do Vulcano, com ótimo resultado e uma sempre bem vinda reverência ao metal nacional. 

Entre as canções, algumas vinhetas dão um certo aspecto conceitual ao álbum, elevando o seu valor artístico, algo cada vez mais raro nos dias atuais, o que faz de 'Opressor' um dos lançamentos mais singulares e autênticos de 2014.

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