sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Neymar e as vaias dos ingleses

Neymar, o coregráfo,  craque dos campos e da mídia, vem enfrentando uma situação em gramados ingleses que dificilmente vivenciaria por aqui. A cada jogo do Brasil nessas Olímpiadas foi possível perceber a dura marcação do público sobre o brasileiro.

Aparentemente a malemolência do brasileiro e sua facilidade em jogar (ou "se jogar"...) bonito, que tanto causa ataques orgásmicos nos nossos locutores esportivos não repete o mesmo sucesso com o público inglês. 

'Criadores' do futebol e detentores do campeonato mais rico e competitivo da atualidade, o nível de exigência dos ingleses parece ser outro.

Como admirar um jogador que em um esporte físico e de força, cai sempre no primeiro contato? Como admirar quem tenta tirar vantagem do jogo sempre fazendo uso de uma irritante malandragem?

Na contra-mão dos nossos vizinhos sulamericanos, fomos levados a acreditar no tal 'jogo bonito' em que o futebol que busca o contato é 'catimbento' e desprezível. Demorou 24 anos para que o mito do 'jogo bonito' fosse quebrado pelo pragmatismo da seleção do Parreira. 

Mas mesmo em cacos, essa visão ainda persiste. Lembremos de Robinho e suas pedaladas. De inegável talento, ele jamais repetiu no exterior as atuações que teve por aqui. De "novo Pelé" e "futuro melhor do mundo"  o que na prática se concretizou foi muito pouco. 

Neymar com certeza já é melhor do que fora Robinho com a mesma idade, inclusive podendo sagrar-se campeão olímpico. Mas sua carreira internacional corre o risco de não acontecer. Além da resistência de alguns mercados, como o inglês, há a questão do preço. Depois das negociações astronômicas de Oscar e Lucas, a pergunta inevitável foi quanto valeria Neymar. E mais do que isso, quem estaria disposto a pagar o que ele supostamente vale, especialmente no instável cenário econômico internacional.


Futebol também é sinônimo de negócios. Toda a engenharia financeira do Santos FC para manter Neymar gerou um time pífio que vem penando no Campeonato Brasileiro e, caso não consiga retornar à Libertadores no ano que vem, o que parece provável, as receitas diminuirão e fará pouco sentido continuar com o astro. 

Certamente esta será uma novela a se desenrolar tão logo terminem os jogos. Aí então saberemos até que ponto ecoarão as vaias dos ingleses... 

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